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Por que Ninguém me Disse Isso Antes? A Ligação entre neurodivergências e Transtornos Alimentares

  • nathaliagheventer
  • 13 de ago.
  • 2 min de leitura

Você sente que sua relação com a comida é uma luta constante e ninguém entende o porquê? Ou vê seu filho neurodivergente enfrentar desafios alimentares que vão muito além de uma simples "frescura"?


Você não está sozinho(a). A ciência tem mostrado cada vez mais que pessoas no espectro autista (TEA) e com TDAH têm um risco maior de desenvolver um transtorno alimentar (TA).


Como nutricionista com atendimento online para todo o Brasil e presencial em Brasília, meu trabalho é mergulhar nesse universo e oferecer um cuidado que compreenda e respeite as particularidades do cérebro neurodivergente.


Este é o primeiro de uma série de três textos onde vamos explorar essa conexão.


O que é Neurodiversidade?


Antes de tudo, vamos esclarecer um ponto. A neurodiversidade se refere à variedade natural de todos os funcionamentos cerebrais que existem. Não existe um cérebro "certo" ou "errado". Uma pessoa com um funcionamento cerebral diferente da maioria é chamada de neurodivergente (ex: autismo, TDAH, Tourette, dislexia, etc.). A ideia de que existe um funcionamento "melhor" que outro é um conceito preconceituoso chamado de neuronormatividade, que a abordagem neuroafirmativa combate.




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Os Mecanismos por Trás da Ligação: Por que Isso Acontece?


A relação entre neurodivergência e os desafios alimentares não é uma coincidência. Ela é explicada por diferenças neurológicas reais.



1. Processamento Sensorial Atípico: Muitas pessoas neurodivergentes processam os sentidos de forma diferente. Isso afeta diretamente a alimentação:


  • Exterocepção: Estímulos externos como gostos, cheiros e texturas podem ser avassaladores. Comer sozinho(a) pode ser uma estratégia para evitar a sobrecarga sensorial de um ambiente barulhento.


  • Interocepção: Há uma dificuldade em perceber estímulos internos como fome, sede ou saciedade. Isso pode levar a uma restrição alimentar (por se sentir cheio com pouca comida) ou a comer em excesso (por uma saciedade tardia).


  • Alexitimia: A dificuldade em reconhecer e nomear as próprias emoções pode fazer com que a pessoa confunda ansiedade com fome, por exemplo.


Para uma pessoa autista, comer uma variedade restrita de alimentos pode ser um mecanismo de autorregulação para evitar o estresse sensorial. Forçá-la a comer alimentos aversivos pode ser uma experiência traumática e piorar as dificuldades alimentares.



2. Diferenças na Função Executiva: As funções executivas são as habilidades de gerenciamento do cérebro: planejar, organizar, iniciar tarefas. Diferenças nessa área podem levar a:


  • Esquecer de comer ou beber água.


  • Dificuldade em fazer uma lista de compras ou preparar uma refeição.


  • Longos períodos de jejum, que podem gerar exageros alimentares na refeição seguinte.


  • Pensamento literal, que pode levar a pessoa a seguir regras de dieta "boas" ou "ruins" de forma muito rígida.


Entender esses mecanismos é o primeiro passo para abandonar a culpa. A dificuldade alimentar não é uma falha moral, mas uma expressão de um funcionamento neurológico diferente. No nosso próximo post, vamos explorar as barreiras sociais e de diagnóstico que tornam essa jornada ainda mais desafiadora.

 
 
 

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