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Por que Comer Pode Ser Tão Difícil no Autismo? Uma Visão da Nutrição Comportamental sobre Seletividade Alimentar (Atendimento Online e Presencial em Brasília)

  • nathaliagheventer
  • 25 de jul.
  • 2 min de leitura

Para muitas pessoas, a hora da refeição é um momento de prazer e conexão. Mas para muitos indivíduos autistas, sejam crianças, adolescentes ou adultos, esse pode ser um dos momentos mais ansiosos e desafiadores do dia.


Se você é um pai, mãe ou uma pessoa autista tentando entender por que a relação com a comida é tão complexa, o primeiro passo é saber: não é "birra", "frescura" ou falta de vontade.


A resposta está na forma como o cérebro autista processa informações e estímulos. Como nutricionista especialista em autismo, neurodiversidade e seletividade alimentar, meu trabalho online e presencial em Brasília é ajudar a traduzir essas diferenças, construindo um caminho de mais paz e nutrição.



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A Experiência Sensorial: Um Mundo de Intensidade


Imagine que seus sentidos são como microfones com o volume no máximo. Para muitas pessoas autistas, a experiência sensorial com a comida pode ser exatamente assim.


  • Hipersensibilidade: Uma textura "mole" pode ser sentida como algo insuportável, um cheiro pode ser invasivo e um sabor, agressivo. Isso não é uma preferência, é uma sobrecarga neurológica.


  • A Busca por Segurança: É por isso que muitos procuram por alimentos com cores e texturas uniformes, como carboidratos beges. Eles são previsíveis e, portanto, seguros em um mundo que pode ser sensorialmente caótico.


  • A "Contaminação": Você já viu uma criança se recusar a comer porque o arroz tocou no feijão? Isso é visto como uma contaminação, pois um alimento "não seguro" pode "estragar" o alimento seguro. Esconder um brócolis no meio do macarrão pode quebrar a confiança e "contaminar" um dos poucos alimentos que a pessoa se sente segura para comer.



A Percepção Interna: Quando o Corpo Não "Fala" com Clareza


Você consegue dizer com certeza quando está com fome ou satisfeito(a)? Essa percepção dos sinais internos do corpo, chamada de interocepção, pode estar diferente em pessoas autistas.


Isso pode levar a:


  • Não identificar os sinais de fome e acabar comendo muito pouco.


  • Não perceber os sinais de saciedade e comer em excesso, sem que isso seja uma compulsão alimentar com perda de controle.


O estresse também afeta diretamente a regulação do apetite, tornando a alimentação ainda mais desregulada em momentos de ansiedade.



A Necessidade de Previsibilidade: Rituais e Rigidez


Rituais na hora de comer, como usar sempre o mesmo prato ou organizar a comida de uma certa maneira, não são "manias". São uma estratégia que a pessoa autista cria para trazer previsibilidade e diminuir a ansiedade em torno da refeição.


A dificuldade em generalizar informações também é um fator. Um grupo de alimentos como "frutas", com tantas cores, cheiros e texturas diferentes, é um universo de imprevisibilidade e, portanto, de grande desafio.


Entender esses "porquês" é o primeiro passo para abandonar a culpa e a frustração. E a abordagem precisa ser, acima de tudo, respeitosa e neuroafirmativa.

 
 
 

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